quarta-feira, 11 de abril de 2018

SILVA, Filipa Eugénia de Oliveira Serrão Ferreira da


Uma das mais apreciadas senhoras da sociedade farense na primeira metade do século XX. Creio que era natural de Faro, filha de muito boas famílias, casou-se com o empresário de artes gráficas e jornalista José Ferreira da Silva, que foi um dos fundadores do semanário farense «O Algarve», cuja vida editorial se espraiou por mais de um século de existência. Devido à sua longevidade editorial, granjeou desde os finais dos anos setenta do século passado até à primeira década deste milénio, o honroso epíteto de «decano da imprensa algarvia».
Além de muito caridosa, e sempre preocupada com os mais desfavorecidos, era também muito culta, conhecedora da nossa literatura clássica e sempre ocupada na leitura dos textos que se publicavam no “seu” jornal, sendo a primeira a fazer críticas e reparos aos colaboradores que visitavam a redacção do jornal. A um deles prestava os maiores desvelos, um engenheiro silvicultor que residia na cidade, e fazia o favor de colaborar no seu jornal, usando apenas as iniciais do seu nome, que por feliz coincidência eram exactamente iguais às do filho. Isso fazia crer no público que o velho Ferreira da Silva deixara descendência capaz de dar continuidade à sua obra. Mas ao filho faltavam qualidades de toda a ordem, inclusivamente tinha um feitio insuportável que lhe valeu o epiteto de “Silvinha marau”.
Com efeito, o pobre do Silvinha, não tinha jeito nenhum para a escrita, divertindo-se enquanto pode a gozar dos bens que os pais lhe haviam deixado. Só depois do falecimento da mãe, é que tomou juízo e se dedicou de facto ao jornal, prosseguindo a sua publicação, nem sempre com a regularidade desejável, por vezes com o simples objectivo de manter a tipografia que herdara em laboração.
Na sua qualidade, burguesa e educada, D. Filipa Serrão e Silva fez-se irmã da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, uma organização religiosa de leigos muito selectiva nos seus aderentes. Dizia-se que na Ordem do Carmo só entrava a elite de Faro. E, de facto, assim era. Em todo o caso, era uma senhora muito bondosa e profundamente crente, sempre presente na missa dominical e nas festas religiosas da cidade, doando aos mais necessitados esmolas e bens de primeira necessidade. Razão pela qual gozava de gerais simpatias da choupana ao palácio. Já no fim da vida sobreveio-lhe uma doença que progressivamente lhe foi minando a saúde até ao desfecho final, que foi lento e doloroso.
Além de esposa amantíssima foi mãe extremosa de Dª. Basilisa da Conceição Serrão e Silva, que conheci muito bem, imitando a mãe como presença, nem sempre regular na tipografia e redacção do jornal; e de Artur José Serrão e Silva, que assumiu a direcção da empresa gráfica e do semanário «O Algarve».
Quando Dª. Filipa Serrão e Silva faleceu, a 17 de Agosto de 1952, com a apreciável idade de 79 anos, já era de há muito viúva daquele saudoso jornalista, José Ferreira da Silva, fundador e director do semanário farense «O Algarve».

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

José Mora, um artista algarvio que se perdeu no altar da fama


Nos finais século XIX, princípios do seguinte, era Lisboa, então como hoje, não só a capital do Império, como também o fulcro da cultura e da criação artística nacional. Razão pela qual se transformara num autêntico magnete de sedução e aliciamento para os novos e mais promissores talentos nacionais. O jovem algarvio José Mora, foi mais um dos que emigraram para a capital à procura de uma oportunidade de vida e do tão almejado sucesso. Alcançou-o, embora vagamente, no teatro.
Igreja matriz de Portimão, centro cívico do velho burgo
 Os primeiros paços na Arte de Talma iniciou-os na sua terra natal, a sempre próspera mas ignorada Vila Nova de Portimão, centro portuário de grande projecção regional, pelo qual se escoavam muitas toneladas de conservas de peixe, de figo, amêndoa, azeite, vinhos e aguardentes, cortiça, esparto, e uma miríade de outras produções locais, de entre as quais se distinguiam os citrinos de Silves. Várias foram as famílias que naquele porto se distinguiram e enriqueceram pelo seu empreendedorismo, desde os Bivares aos Vilarinhos, fomentadores da indústria corticeira, dos Júdice Fialhos, os Feus, magnatas da indústria transformadora das pescas, passando pelos escritórios de exportação da família Teixeira Gomes, que viria a distinguir-se na política, chegando à mais alta magistratura nacional, mas também na literatura portuguesa, conquistando lugar de destaque entre os maiores do seu tempo.
Vista parcial de Vila Nova de Portimão, cerca de 1906
Deixando o seu grupo de amadores e os improvisados tablados, que a muito sacrifício se erguiam nas associações operárias, passou depois José Mora a tentar a sua sorte no Teatro Lethes, em Faro. Distinguiu-se logo pelo fulgor histriónico da sua voz, e pela estampa física, tenteando o êxito em pequenos monólogos poéticos e depois em peças mais exigentes de autores consagrados. A família Cúmano, sustentava o palco e a Companhia do Lethes, com a ampla generosidade da sua avultada fortuna, que apesar de tudo não conseguiu resistir à morte do seu principal promotor, nem à crise provocada pelo célebre Ultimatum, que no fim de século exauriu as finanças públicas e mergulhou o país na maior carência e austeridade. Perante a realidade, dura e crua, não restava ao jovem José Mora outra solução senão rumar à capital, para onde, aliás, se costumavam dirigir os que nesse tempo dessem provas de talento e de competência profissional.
O antigo Teatro Avenida em Lisboa, hoje inexistente
Mercê das suas capacidades naturais de inteligência para se adaptar à interpretação, e da sua prodigiosa memória para decorar rapidamente os papéis de cena, em breve arranjaria trabalho. Esteou-se, ao que parece, no Teatro Avenida, do conceituado empresário Luiz Galhardo, a 7 de Agosto de 1914. Mas um amigo, reconhecendo-lhe as qualidades levou-o para a Companhia Taveira, no Teatro da Trindade, que aliás já o conheciam aqui do Lethes. Pouco depois foi para o Teatro Gymnasio, do célebre Actor Valle – que também já tinha vindo a Faro – e dali não tardou a ir para o Teatro D. Amélia, cujo empresário, o ilustre Visconde de S. Luiz Braga, pontificava pela descoberta dos melhores talentos na Arte de Talma, que dali seguiam quase todos para os glorificados palcos do S. Carlos e D. Maria.
Os antigos Teatros de Lisboa
Com que pena, à distância de mais de um século, avaliamos hoje a carreira de José Mora, uma grande promessa do teatro na capital, em cujos tablados, e eram muitos, se representavam diferentes géneros, da tragédia à comédia, com particular relevo para a interpretação das peças de grandes vultos da dramaturgia nacional, desde Garrett, Herculano, Pinheiro Chagas, Mendes Leal, D. João da Câmara, Lopes de Mendonça, Marcelino Mesquita até ao jovem Júlio Dantas. Tivesse ele mais juízo e mais cuidado na escolha das suas amizades, e certamente estaríamos hoje a falar de uma grande figura do tablado artístico nacional. Deixou-se seduzir pela estúrdia da vida nocturna, misturando a bebida com os amores mercenários, confundindo as exigências do trabalho com o laxismo da boémia. Em breve começou a dar sinais de decadência. Faltava aos ensaios, embriagava-se com a malta da estiva, contraiu doenças, desempregou-se, enfim… apressou a morte, quando os traços da juventude ainda ornavam o seu rosto de Apolo.
Perdeu-se um talento que dera sinais de grande exuberância no papel do Romão Alquilador, nessa imortal peça «A Severa» de Júlio Dantas, que depois se transformaria num dos romances de maior sucesso na literatura portuguesa. Na opinião dos melhores críticos de teatro, com assento na imprensa do início de século, foi José Mora muito elogiado, não só na «Severa» como ainda nos dramas de «Maria Antonieta», na «Morgadinha de Valflor», de Pinheiro Chagas, na comédia «Negócios são Negócios», e em muitas outras que já não chegou senão a papéis secundários.
Nasceu este desafortunado rapaz na então Vila Nova de Portimão, em12 de Agosto de 1879 e faleceu em Lisboa a 29 de janeiro de 1928, com 48 anos de idade. É assim a vida artística, por vezes por vezes o caminho do êxito e da fama torna-se tão sinuoso e labiríntico que pode conduzir os incautos à caverna do Minotauro.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Sebastião Ferreira, notável professor e digno fundador da Mutualidade Popular de Faro

Sebastião Ferreira
Recordo hoje o professor Sebastião José Ferreira, um notável professor primário, que educou gerações no elevado sentido do termo educare, isto é, formar e modelar o carácter das crianças, transmitindo-lhes valores éticos e morais, indicando-lhes o sentido da fraternidade e do bem comum. É hoje uma figura absolutamente ignorada, quer em Loulé, sua terra-natal, quer em Faro, onde pontificou um lugar de destaque na sociedade do seu tempo através da fundação da Mutualidade Popular, uma espécie de sindicato e montepio da classe dos professores primários no Algarve.
Sebastião José Ferreira, foi professor e inspector do Ensino Primário. Nasceu em 1880, na progressiva vila de Loulé, e veio a falecer em Lisboa (na casa de seu genro, o conhecido e igualmente muito estimado Dr. Faustino Vidal) a 14-10-1953, com 73 anos de idade.
Como professor primário chegou a desfrutar de certa proeminência social, não só pelas suas naturais aptidões para a docência, como ainda pela forma afável e compreensiva como tratava as crianças, sobretudo nos momentos cruciais da sua avaliação final, já que Sebastião Ferreira foi examinador regional da instrução primária, qualidade em que percorreu diversos estabelecimentos de ensino. Sabemos também que desempenhou o seu múnus profissional em vários pontos do Algarve, após o que se fixou em Faro, onde mercê das suas qualidades humanas e profissionais recebeu justíssimos louvores dos seus concidadãos, que lhe reconheceram atributos de honra e de bondade dignos da maior reverência. A sua experiência e competência profissional valeram-lhe a tão honrosa quanto justa nomeação para o cargo de Inspector do Ensino Primário, que julgo ter exercido quase exclusivamente no Algarve, e em cujas funções se reformaria pouco antes de se declarar a doença que lhe roubaria a vida.
O prof. Sebastião Ferreira, tornou-se pelo seu diamantino carácter numa das figuras mais distintas de Faro, não só pela dedicação à educação das crianças, como particularmente com a situação económica e profissional dos seus colegas, de cujo desempenho dependia a formação intelectual e social das gerações futuras. Por essa razão foi convidado a participar nos corpos gerentes da Mutualidade Popular de Faro, que ajudara a fundar, e que era uma espécie de montepio dos professores primários. A essa brilhante instituição, que ainda hoje existe, prestou assídua colaboração, devendo-se-lhe os mais valiosos e relevantes serviços.
O seu carácter bondoso e afável, as suas atitudes de constante e discreta benemerência, não lhe deixavam ter rivais nem inimigos, criando à sua volta uma verdadeira onda magnética de empatia social. A bem dizer toda a sociedade farense da primeira metade do século XX, tinha pelo Prof. Sebastião Ferreira, uma profunda amizade, verdadeira estima e grande consideração.
Foi casado com D. Maria da Piedade Ferreira, de quem teve duas filhas, duas notáveis mulheres do seu tempo, que ainda tive o prazer de conhecer pessoalmente, refiro-me à Dr.ª Noémia Ferreira Nabais, ilustre médica que exercia clínica em Lisboa, casada com o não menos famoso Dr. Faustino Vidal Nabais; e à Dr. Nídia Ferreira Neto, advogada de sólida formação intelectual e cidadã da mais rara sensibilidade cultural, que foi delegada do Instituto Maternal do Algarve, casada com João da Silva Neto, um dos mais ricos proprietários do Algarve, que foi vereador da Câmara de Faro e director da Companhia de Pescarias do Algarve, da qual era um dos principais accionistas. O seu filho, o Dr. João Manuel Ferreira Neto, foi um dos mais prestigiados funcionários superiores da TAP, falecido no declinar deste século, poucos meses depois da morte da sua querida mãe, cidadã das mais ilustres de Faro.
Jardim Manuel Bivar, cerca de 1940

Vem a talhe de foice lembrar que a residência de Sebastião Ferreira e a vastíssima propriedade onde nasceu a Dr.ª Nídia Neto foram expropriadas pelo Estado, e por ínfimo valor, nos conturbados anos do pós “25 de Abril”, para nela se erigir o Instituto Politécnico de Faro, depois transformado em Campus da Penha da actual Universidade do Algarve. A casa apalaçada que hoje se encontra junto à avenida de acesso à estrada de Olhão, estava anteriormente situada nas imediações da actual Escola Superior de Tecnologia.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Mário de Oliveira, um jornalista na fundação e organização competitiva do futebol algarvio, nos primórdios do século XX

Numa altura em que muito se fala, nos órgãos de comunicação desportiva, sobre o reconhecimento e validação dos campeonatos de futebol realizados a partir de 1921 até 1934, ocorreu-me evocar aqui a memória de um grande jornalista, que quando ainda vivia em Faro, sugeriu a formação de torneio de futebol que englobasse todos os clubes do país. Foi, por isso, escolhido para fazer parte da comissão organizadora do primeiro campeonato de Portugal, realizado em 1921, conquistado pelo Futebol Clube do Porto.
Mário de Oliveira, numa
das suas últimas fotos
Chamava-se Mário Fernando de Oliveira, embora ficasse conhecido pelo primeiro e último nome, por ser desse modo que sempre assinou os seus escritos, ao longo da sua profícua existência de homem público. Além da sua actividade profissional, desenvolvida numa das maiores empresas públicas do país, os CTT, ocupava os seus tempos livres na divulgação e fomento do desporto, mais propriamente na implementação do futebol. Pode dizer-se que, a seguir ao artista e professor Carlos Lyster Franco (principal divulgador do futebol, nomeadamente das suas regras junto das camadas jovens), foi Mário de Oliveira quem mais se dedicou e se destacou na formação e organização competitiva do futebol no Algarve. Presumo que nunca lhe prestaram qualquer homenagem de gratidão e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido nos princípios do século passado não só no fomento do desporto como também no jornalismo, nomeadamente na fundação do jornal «A Bola», que ainda hoje se publica.
Inspector reformado dos CTT e conceituado jornalista da imprensa diária e regional, Mário Fernando de Oliveira, nasceu em Lisboa, a 26-11-1890 e faleceu na capital a 25-5-1969, com 78 anos de idade. À data do seu falecimento era considerado como o decano dos jornalistas desportivos, tendo ainda a glória de ser um dos últimos sobreviventes que fundaram o “glorioso SLB” – Sport Lisboa e Benfica. A este propósito devo acrescentar que o jornalista, Mário Fernando de Oliveira, era em 1945 o sócio nº 85 do Sport Lisboa e Benfica, cabendo-lhe a honra de ter sido o último plumitivo a fazer uma entrevista a Cosme Damião, publicada na edição nº 11, de 5-3-1945, do jornal «A Bola». Para os benfiquistas a figura de Cosme Damião é quase mítica, pois além de ter sido um dos fundadores do clube, foi também atleta e capitão da equipa, treinador, dirigente e, por fim, jornalista desportivo ao serviço das “águias”.
Praça da Rainha, em Faro, em torno do «Jardim do Ba-
   calhau» realizaram-se as primeiras corridas de bicicletas
Estudou no antigo Instituto Industrial e Comercial de Lisboa, onde concluiu o curso especial de telégrafos que lhe permitiu, em 1909, ingressar nos C. T. T. como aspirante auxiliar.
Em 1911 veio para Faro desempenhar o cargo de chefe de serviços da secção electrotécnica dos Correios Telégrafos e telefones de Portugal, aqui se demorando até 1916. Durante esse período dedicou-se também ao jornalismo, colaborando não só na imprensa local como ainda em órgãos da capital, enviando daqui notícias sobre diversos assuntos da política, da indústria pesqueira e do desenvolvimento regional. Entre 1912 e 1916 foi colaborador e depois assumidamente redactor de «O Algarve», semanário de Faro, fundado em 1908, que foi o decano da imprensa algarvia. Durante a sua estadia no Algarve dedicou-se à divulgação do desporto – ciclismo, natação e sobretudo do futebol –, tendo-se empenhado na oficialização estatutária dos clubes locais, na composição de torneios regionais e na organização dos meios reguladores da prática desportiva. Nesse âmbito, foi designado como delegado da Associação de Futebol do Algarve para integrar a comissão organizadora do primeiro Campeonato de Portugal.
Praça D. Carlos I, local onde se organizaram os primeiros
desafios de futebol com os alunos do Liceu de Faro
No prosseguimento da sua vida profissional, transferiu-se em 1926 para Lisboa, a fim de assumir a chefia da circunscrição técnica de Lisboa, passando em 1935 a chefe dos serviços telefónicos da capital. Todas as promoções nos C. T. T., foram alcançadas por meio de concurso ou de provas públicas, e sempre com as melhores classificações. Pertenceu ao conselho disciplinar dos C. T. T., e redigiu o primeiro regulamento interno daquele organismo. Foi director da Associação de Classe do Pessoal Maior dos Correios e Telégrafos e redactor do «Boletim» que lhe serviu de órgão público. Foi chefe de serviços de 1.ª classe até que se reformou no quadro de inspectores dos CTT.
Como jornalismo desenvolveu ao longo da vida uma intensa e meritória actividade, sobretudo nos órgãos de informação desportiva. Assim, entre 1916 e 1920 foi colaborador de «O Sport» de Lisboa, e seu director de 1921 a 1924; escreveu assiduamente e com inspirada mordacidade, de 1922 a 1923, no «Cega-Rega», semanário humorístico, dirigido por Raul Neves Reis; foi redactor desportivo, em 1924, de «A Pátria», jornal dirigido pelo Dr. Nuno Simões, distinto intelectual e homem público; foi director de «O Sport Ilustrado» em 1934 e do semanário de critica sociopolítica «Pão, Pão...». Como redactor e colaborador pertenceu aos quadros de «Os Sports» (1925-1931); do «Correio Desportivo» (1926); de «A Bola» (desde 1932); do «Stadium» (1933); do «Sprint» (1934); da «Voz Desportiva», de Coimbra; etc. Colaborou quase até ao fim da vida na secção desportiva do jornal «O Século», etc., etc.
Capa da primeira história do SLB, uma
obra de referência de Mário de Oliveira
Acresce dizer que Mário de Oliveira ocupou ao longo da vida importantes cargos directivos nas Federações Portuguesas de Ciclismo e de Natação. Aliás foi por sua iniciativa que se começaram a realizar as corridas anuais de ciclismo designadas por «Chama da Pátria», que se mantiveram durante a vigência do regime salazarista. como uma festiva expressão popular do desporto nacional. Também ao seu espírito de iniciativa, dedicação e capacidade de trabalho, se ficou a dever organização do I Congresso Nacional de Futebol, realizado em 1938 na capital, comemorando-se dessa forma o 50.º aniversário da introdução do futebol em Portugal.
Como publicista deu à estampa os seguintes títulos: No Forte de Caxias, Lisboa, 1918; O Treino do Nadador, Lisboa, 1934; A Organização Nacional do Futebol e as suas grandes competições nacionais, tese apresentada no I Congresso Nacional de Futebol, realizado em Lisboa, em 1938, por iniciativa do jornal «O Século». No concurso de novelas desportivas, levado a cabo pelo jornal «Os Sports», obteve um dos primeiros prémios pela novela publicada naquele órgão. Como fervoroso adepto benfiquista, publicou de parceria com Rebelo da Silva, seu colega na redacção do «Século», o livro História do Benfica, que obteve largo êxito, sendo hoje quase uma raridade bibliográfica.