sábado, 13 de fevereiro de 2010

ALBUQUERQUE, Maria José de Mascarenhas Gaivão Mouzinho de


Viúva do grande herói Mouzinho de Albuquerque, que ele próprio considerou como a verdadeira estrela de todas as suas campanhas em África, que o seguiu em todas as incursões pelo vasto e inóspito continente, fiel companheira, colaboradora insubstituível, imprescindível na organização dos materiais científicos e na montagem dos hospitais de campanha, onde prestou preciosos auxílios de enfermagem aos soldados feridos pelos rebeldes inimigos.
Como mulher e esposa encarnou o paradigma da companheira inseparável, tornando-se no modelo da mulher portuguesa, que por todo o país recebeu provas da maior admiração e carinho, o que deixou o Algarve muito orgulhoso.
Aquela a quem o poeta Afonso Lopes Vieira chamou um dia “a primeira senhora portuguesa” era natural de Estombar, concelho de Silves, e faleceu em Lisboa em finais de Agosto de 1950, com 93 anos de idade. Descendia de uma ilustre família algarvia, aparentada com os ilustres Mascarenhas que se bateram heroicamente durante as Lutas Liberais.
Casou-se em 1883, na cidade e Coimbra, com o seu primo Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque, na altura um desconhecido alferes que logo seria mobilizado para a Índia. Partiu o jovem casal num périplo pelo antigo império, durante o qual se haveria de cobrir de glória aquele heróico soldado, cuja carreira militar marcaria de forma indelével a história portuguesa nos finais do século XIX.
Acompanhou o percurso histórico de seu marido, sempre ao seu lado, como um anjo da guarda. Esteve com ele no governo de Lourenço Marques, na campanha contra o famoso Gungunhana, na estrepitosa campanha de Gaza, no violento combate de Macontene, no retorno ao governo de Lourenço Marques e depois no triunfal regresso à metrópole, à atribulada vida de Lisboa, às intrigas na corte e ao trágico episódio do suicídio de seu marido, até nisso um homem de honra que a pátria não soube merecer.
Em todos esses momentos, uns mais nobres e gloriosos, outros menos felizes e memoráveis, esteve D. Maria José Gaivão sempre presente com a postura de uma grande senhora, quase uma rainha a quem enojaria o trono. Os ano que se seguiram à viuvez, que duraram quase meio século, foram de total apagamento, afastando-se da balofa convivência social da nobre elite a que pertencia, para se refugiar numa aura de absoluta humildade, como se fosse um símbolo nacional das mais sublimes virtudes.
O seu funeral constituiu uma das maiores manifestações de patriótica saudade e de luto nacional por aquela que era a última senhora de uma plêiade de heroínas que a proletarização da República quase fizera esquecer.
Deixou parte dos seus bens aos pobres, ficando como herdeiros os seus sobrinhos, a saber, o Dr. João Pedro de Mascarenhas Gaivão, que foi juiz distintíssimo e presidente do Círculo Judicial de Bragança, o eng.º Manuel de Mascarenhas Gaivão, que foi Governador Civil da Horta, e o Dr. Pedro de Mascarenhas Gaivão, famoso advogado em Lisboa.

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